quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Entidades intensificam jornada a favor do milho crioulo e varietal

A possibilidade da chegada do milho transgênico na região sul com a inclusão das sementes modificadas no programa gaúcho de financiamento Troca-Troca, já para a próxima safra, começa reascender os debates sobre biotecnologia, produtividade e saúde alimentar. Buscando preservar as variedades do milho crioulo e varietal, entidades ligadas à Agricultura Familiar aceleram uma jornada de ações em Pelotas e região.


Debates, audiências públicas, exposições e distribuição de sementes crioulas serão intensificados ao longo de agosto e setembro, pelo grupo de trabalho do Fórum Permanente da Agricultura Familiar. As primeiras atividades começam nesta quarta-feira com a reunião do Conselho da Cooperativa Sul Ecológica na sede do Capa (rua Santa Tecla, 510), participação nas próximas Feiras Ecológica (dias 12, 19 e 26, no Largo do Mercado), participação na 4ª Mostra Estadual do Milho Crioulo, na cidade gaúcha de Ibarama e exposição e distribuição das sementes no calçadão de Pelotas no próximo dia 21, às 9h.

- Na verdade iniciamos esse trabalho no mês passado com uma grande mobilização junto aos gestores públicos da região. Conseguimos detalhar aos prefeitos o risco a que esta medida submete toda a cadeia produtiva do nosso milho e em reunião com o presidente Cássio Mota, asseguramos o apoio da Azonasul. Agora partimos para a sensibilização da comunidade - frisou o engenheiro agrônomo do Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor (Capa), Roni Bonow.

Também integram esse grupo entidades como Embrapa, Grupo de Agroecologia (Gae/UFPel), União das Associações Comunitárias do Interior de Canguçu (Unaic), dentre outras.

Junto às atividades de divulgação e debates dos problemas e implicações que as sementes transgênicas ocasionam, a Jornada também está com um abaixo-assinado em defesa do milho crioulo. O objetivo, segundo Bonow, é recolher 20 mil assinaturas na região.

Entenda a retomada da discussão sobre a transgenia

Até o ano de 2007 só era possível produzir e comercializar sementes geneticamente modificadas de soja, em território brasileiro. Mas naquele ano, um parecer da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) estendeu o uso da tecnologia também à cultura do milho.

No Rio Grande do Sul, as sementes do milho transgênico estão prestes a chegar à Agricultura Familiar. No último mês de abril, o Conselho do Fundo Estadual de Apoio ao Desenvolvimento dos pequenos Estabelecimentos Rurais (Feaper), organização governamental, decidiu pela inclusão dessas sementes no programa gaúcho Troca-Troca, em detrimentos das sementes crioulas e varietais, já para a safra 2010/2011.

A polêmica está lançada porque diferentemente da soja, o milho tem um sistema de polinização aberto o que favorece o cruzamento de cultivares através de ventos ou transportes de resíduos por aves e insetos.

- Estamos muito temerosos com esta decisão porque temos na nossa região entre Pelotas, Canguçu e São Lourenço o maior patrimônio em genética natural de sementes de milho crioulo com mais de 50 variedades e isto pode acabar de uma hora para outra com uma contaminação descontrolada dos transgênicos sobre os naturais - disse em tom de preocupação a coordenadora do Capa, Rita Surita.

Além dos problemas e incertezas, outro grande impasse persiste porque a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) anunciou recentemente a liberação de recursos para o subsídio de sementes crioulas e varietais de milho.

Saiba mais

O Programa Troca-Troca do governo gaúcho é um sistema de financiamento e subsídio para a aquisição de sementes por agricultores familiares.

Sementes Crioulas - são sementes primitivas que sofrem cruzamentos seletivos em decorrência da natureza e domesticação do homem.

Sementes Varietais - são sementes melhoradas naturalmente, resultado de cruzamentos de linhagens e variedades.

Sementes Transgências - são aquelas cuja genética é modificada inserindo materiais genéticos de bactérias, vírus, para a resistência de agrotóxicos, e que podem ser ainda estéreis sem a possibilidade de replantio. São produzidas e patenteadas por empresas do setor.


Por Bianca Zanella
http://wp.clicrbs.com.br/pelotas/2010/08/10/entidades-intensificam-jornada-a-favor-do-milho-crioulo-e-varietal/

2 comentários:

Despenta disse...

Olá, estou solidário com voçês!
Os efeitos dos transgénicos na cadeia alimentar e a sua introdução nos sietmas ecossistémicos podem ser devastadores.
Só agora é que começam a ser revelados estudos e as previsões não saõ nada animadoras.
Há que travar este avanço antes que seja impossivel.
Em baixo deixo um artigo sobre estudos feitos em plantas trangénicas nos estados unidos.


"Um estudo no estado de Dakota do Norte revelou que os genes de variedades transgénicas de colza estão disseminados no meio selvagem, ocorrendo em 80% das localizações em que se recolheram amostras daquela planta. Os cientistas sugerem que os transgenes conferem às plantas selvagens resistência aos herbicidas.

O estabelecimentos das plantas transgénicas fora dos campos de cultivo tinha, até à data, sido apenas confirmado no Canadá e no Japão. Agora surgem as primeiras evidências do fenómeno nos Estados Unidos.

Com efeito, cientistas da Universidade do Arkansas realizaram um estudo no estado do Dakota do Norte, onde percorreram 5000 km tendo recolhido 604 amostras de plantas. Os resultados revelaram a presença de colza, uma planta a partir da qual se produz óleo, em 46% das localizações, sendo que 80% destas eram plantas que continham um ou mais transgenes.

Segundo a BBC a colza cultivada no Estado da Dakota do Norte é maioritariamente transgénica, geneticamente modificada para ser resistente a certos herbicidas e produzida e comercializada por duas empresas – Mosanto e Bayer.

A detecção de transgenes em plantas selvagens indica que formas geneticamente modificadas das plantas conseguem estabelecer-se fora dos campos de cultivo. Além do mais, a existência de plantas com os 2 tipos de transgenes que constituem as duas variedades geneticamente modificadas em uso no Estado, revela que já houve inclusive polinização cruzada.

Segundo explica Cindy Sagers, que liderou o estudo “Encontrámos as maiores densidade de plantas nas proximidades de campos agrícolas e ao longo das principais auto-estradas. No entanto, também encontrámos plantas no “meio do nada” – e há muito “meio do nada” no Dakota do Norte”.

Os cientistas sugerem que os transgenes estarão a conseguir vingar nas plantas selvagens porque lhes conferem uma resistência acrescida aos herbicidas.

Entretanto, na Europa a União Europeia deu luz verde à importação de milho transgénico, para responder à procura do cereal que, não é produzido em quantidades suficientes no espaço europeu.

As seis variedade de milho transgénico importadas serão produzidas maioritariamente nos Estados Unidos e destinam-se tanto à alimentação humana como animal. Uma vez que nos Estados Unidos não se faz a distinção entre as diferentes variedade de milho, o cereal transgénico chegará misturado com milho não-geneticamente modificado."

Fontes: www.bbc.co.uk/news

Despenta disse...

Olá, estou solidário com voçês!
Os efeitos dos transgénicos na cadeia alimentar e a sua introdução ecossistema podem ser devastadores.
Só agora é que começam a ser revelados estudos e as previsões não saõ nada animadoras.
Há que travar este avanço antes que seja impossivel.
Em baixo deixo um artigo sobre estudos feitos em plantas trangénicas nos estados unidos.


"Um estudo no estado de Dakota do Norte revelou que os genes de variedades transgénicas de colza estão disseminados no meio selvagem, ocorrendo em 80% das localizações em que se recolheram amostras daquela planta. Os cientistas sugerem que os transgenes conferem às plantas selvagens resistência aos herbicidas.

O estabelecimentos das plantas transgénicas fora dos campos de cultivo tinha, até à data, sido apenas confirmado no Canadá e no Japão. Agora surgem as primeiras evidências do fenómeno nos Estados Unidos.

Com efeito, cientistas da Universidade do Arkansas realizaram um estudo no estado do Dakota do Norte, onde percorreram 5000 km tendo recolhido 604 amostras de plantas. Os resultados revelaram a presença de colza, uma planta a partir da qual se produz óleo, em 46% das localizações, sendo que 80% destas eram plantas que continham um ou mais transgenes.

Segundo a BBC a colza cultivada no Estado da Dakota do Norte é maioritariamente transgénica, geneticamente modificada para ser resistente a certos herbicidas e produzida e comercializada por duas empresas – Mosanto e Bayer.

A detecção de transgenes em plantas selvagens indica que formas geneticamente modificadas das plantas conseguem estabelecer-se fora dos campos de cultivo. Além do mais, a existência de plantas com os 2 tipos de transgenes que constituem as duas variedades geneticamente modificadas em uso no Estado, revela que já houve inclusive polinização cruzada.

Segundo explica Cindy Sagers, que liderou o estudo “Encontrámos as maiores densidade de plantas nas proximidades de campos agrícolas e ao longo das principais auto-estradas. No entanto, também encontrámos plantas no “meio do nada” – e há muito “meio do nada” no Dakota do Norte”.

Os cientistas sugerem que os transgenes estarão a conseguir vingar nas plantas selvagens porque lhes conferem uma resistência acrescida aos herbicidas.

Entretanto, na Europa a União Europeia deu luz verde à importação de milho transgénico, para responder à procura do cereal que, não é produzido em quantidades suficientes no espaço europeu.

As seis variedade de milho transgénico importadas serão produzidas maioritariamente nos Estados Unidos e destinam-se tanto à alimentação humana como animal. Uma vez que nos Estados Unidos não se faz a distinção entre as diferentes variedade de milho, o cereal transgénico chegará misturado com milho não-geneticamente modificado."

Fontes: www.bbc.co.uk/news