segunda-feira, 25 de maio de 2009

Organizações e entidades realizam 8ª Jornada de Agroecologia

A atividade acontece no Sudoeste do Paraná, região referência na produção da agricultura familiar e luta dos trabalhadores, como a Revolta dos Colonos em 1957

Com o lema, Terra Livre de Transgênicos e Sem Agrotóxicos: Construindo o Projeto Popular e Soberano para a Agricultura, entre os dias 27 e 30 de maio, as organizações e entidades de agricultores familiares e camponeses promovem a 8ª Jornada de Agroecologia, no Parque de Exposições de Francisco Beltrão, no Sudoeste do Paraná.

As Jornadas de Agroecologia tiveram início em 2002, e hoje cumprem um papel fundamental na ampliação de expressão da agricultura familiar e camponesa junto à sociedade e às instituições governamentais, técnicas, científicas: de ensino e pesquisa.

Segundo o integrante da Via Campesina, José Maria Tardin, o evento é uma articulação de várias entidades ligadas aos trabalhadores do campo. “Estamos construindo uma ação permanente e aglutinadora de articulação em torno da proposta de agricultura familiar e camponesa voltada para a produção agroecológica, buscando a preservação do meio ambiente e recursos naturais, e o fim da dependência dos agricultores com as grandes transnacionais da agricultura”, explica.

A Jornada tem como objetivo principal fomentar a articulação de organizações do campo e cidade em todo país, na defesa de um projeto popular para a agricultura familiar e camponesa, baseado na agroecologia. “Também defendemos a luta constante contra o latifúndio, a violência e a impunidade no campo e o trabalho escravo; combatemos o agronegócio, as transnacionais, o uso de agrotóxicos, transgênicos, e a nanotecnologia, que vêm perpetuando suas tecnologias da morte na sociedade”, afirma Tardin.

Este ano, a expectativa é reunir cerca de 4.000 participantes, entre pequenos agricultores, camponeses, trabalhadores rurais, técnicos, pesquisadores, engenheiros agrônomos, ecologistas, estudantes de várias áreas. Também haverá participação de delegações do Paraguai, presença de africanos e cubanos.

O encontro ocorre em Francisco Beltrão, pois o Sudoeste do estado conta com várias organizações, entidades e movimentos sociais, que ao longo dos anos se tornaram referência nacional, na luta da agricultura familiar e dos trabalhadores rurais. Como a revolta dos Colonos, que aconteceu em 1957, quando os pequenos agricultores pegaram em armas para lutar pelo direito à terra.

A 8ª Jornada de Agroecologia é promovida pela Via Campesina, Fetraf-Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar da região Sul - FetrafSul/CUT, Fórum Regional de Entidades da Agricultura Familiar e Escola Latino-Americana de Agroecologia. Programação Durante 8ª Jornada de Agroecologia estão previstas conferências, palestras e debates, oficinas e seminários, com exposição e apresentação de experiências, realização de feira e festa de sementes e alimentos agroecológicos, para troca e comercialização, além de espaços de promoção da cultura camponesa.


A abertura será as 9h30, do dia 27, e a partir das 14h, os participantes realizam uma marcha até a praça de Francisco Beltrão (localizada em frente ao banco Itaú), em Defesa da Reforma Agrária, Soberania Alimentar, da Agroecologia, das Sementes Crioulas e da Biodiversidade.


No dia 28, durante à tarde estão previstas cerca de 80 oficinas com troca de experiências de práticas agroecológicas que vêm sendo desenvolvidas pelos agricultores, pesquisadores e entidades que participam da atividade. No dia 29, a partir das 15h, acontece o Ato de Formatura da Turma “Mata Atlântica”, graduada em Agroecologia, da Escola Latino-Americana de Agroecologia da Lapa-PR. E um Ato Político com a presença de autoridades nacionais e estaduais, para debate e apresentação de propostas em políticas públicas, a serem adotadas pelos governos para a promoção e fomento da agroecologia, no país. Neste dia, das 10h às 12h, também ocorre a festa das sementes.


Os participantes ainda terão a oportunidade de visitar o Túnel do Tempo, que conta a história da humanidade e da agricultura no mundo. A iniciativa é um projeto construído por estudantes do Colégio Estadual Francisco Neves Filho, de São João do Triunfo/PR, orientado pela equipe pedagógica do Colégio. Formado por 18 fases, o projeto funciona como um labirinto, dentro do qual os visitantes caminham e encontram, a cada fase, um cenário característico do período histórico que é explicado pelos estudantes.


Histórico



Além do evento anual, a Jornada de Agroecologia tem se firmado, por meio de um processo de atividades que ocorrem durante todo ano em diversos locais. Os encontros são referência na busca de conhecimentos e debates em torno da construção de uma nova matriz tecnológica para a agricultura familiar e camponesa.

Os três primeiros eventos (2002, 2003 e 2004) aconteceram no município de Ponta Grossa/PR, e os outros quatro (2005, 2006, 2007 e 2008) em Cascavel.

Os resultados práticos se multiplicam, na implantação de campos de sementes crioulas em pequenas propriedades e assentamentos, produção agroecológica, feiras da agricultura camponesa, centros de estudo em agroecologia e outras iniciativas. Para a formação de técnicos em agroecologia as organizações dos agricultores familiares e camponeses criaram três escolas de ensino médio e uma superior no estado. Destacando-se a Escola Latino-Americana de Agroecologia, no município da Lapa/PR.

fonte: comissão organizadora da 8ª Jornada

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