quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

O drama da resistência anunciada: mato coloca glifosato em xeque


Pesquisadores e agrônomos reunidos na 1ª Conferência Pan-Americana sobre Resistência de Plantas Daninhas, que levou 300 especialistas a Miami (EUA), anunciaram o fim da tranquilidade da “era glifosato”, herbicida apontado como o produto mais eficiente já desenvolvido para o controle do mato no cultivo da soja. As ervas capazes de sobreviver a aplicações duplas já atingiram 40% das lavouras de soja (convencional e transgênica) no Paraná e cerca de 20% no Brasil, disseram pesquisadores brasileiros.

Essas plantas espalharam-se com rapidez, principalmente na América do Norte e na Europa, e agora encabeçam a lista das preocupações no Brasil. No país, estima-se que existem 21 espécies resistentes aos mais diversos agroquímicos, e que 4 delas não morrem quando recebem glifosato. (…)

Soluções estão sendo discutidas, mas todas envolvem aumento de custos. Além disso, as plantas resistentes tiram a tranquilidade do produtor. Quem fazia apenas uma aplicação de glifosato pode ter de percorrer a lavoura com pulverizadores até três vezes.

Das quatro plantas daninhas resistentes ao glifosato, a Coniza, conhecida como buva, é a que mais preocupa, pela rápida expansão e pela capacidade de suportar altas doses de agrotóxicos. As outras três são o azevém, o amendoim-bravo ou leiteira e o capim amargoso. O controle químico, nesses casos, é considerado mais eficiente que na buva. Todas essas ervas resistentes se concentram no Sul. A buva tem avançado rapidamente para o Centro-Oeste, disseram os especialistas.

“A buva resistente atingiu 1,8 milhão de hectares no Paraná e cerca de 4 milhões em todo o Brasil. Quatro anos atrás, os casos eram raros. Sabíamos que plantas resistentes podiam surgir, mas não de forma tão rápida”, disse o especialista em plantas daninhas Fernando Adegas, da Embrapa Soja. Ele conta que as perdas chegam a 30% com duas buvas por metro quadrado. Uma única planta produz 200 mil sementes, que podem viajar mais de 50 quilômetros mesmo quando não há vento forte, dizem os pesquisadores. (…)

Fonte:

Gazeta do Povo, 21/01/2010.

http://portal.rpc.com.br/gazetadopovo/caminhosdocampo/conteudo.phtml?tl=1&id=965696&tit=Erva-daninha-coloca-em-xeque-o-glifosato

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