A Agência Nacional de Vigilância Sanitária- ANVISA, lançou esta semana os dados do PARA referentes ao ano de 2010. PARA é o Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos, que através de um processo de amostragem realizado em quase todos os estados, há dez anos monitora a presença de agrotóxicos nos alimentos frescos mais consumidos pelos brasileiros.
A notícia motivou o Jornal Nacional aproduzir uma série de três reportagens sobreo problema do uso abusivo de agrotóxicosem nosso país. Talvez pela primeira vez numveículo de comunicação deste alcancetenhamos visto a especialista entrevistadaafirmar que "nem mesmo uma boa limpeza écapaz de remover todo o resíduo deagrotóxicos dos alimentos" e a matériaconcluir que, portanto, "a solução está nocampo: reduzir ou até eliminar o veneno nahora de plantar". Mais louvável ainda, foi areportagem seguir para o campo mostrandoexperiências consolidadas de produçãoagroecológica de alimentos e dar voz aprodutores e especialistas afirmando que, defato, não há limitações técnicas para aconversão do modelo vigente da agriculturapara bases mais ecológicas.
Como sabemos e tentamos demonstrar há algumas décadas: esta questão é de fundo político-econômico; com políticas e programas adequados, a agroecologia tem sim o potencial de abastecer a população com alimentos saudáveis e a preços justos.
Outra informação que chama muito aatenção nos dados do PARA 2010 é umgráfico mostrando que em 37% das amostrasanalisadas não foi encontrado NENHUMresíduo de agrotóxicos. Esta informação,surpreendente, no fundo condiz com osdados do último Censo Agropecuário doIBGE, que mostrou que em 72% daspropriedades agrícolas familiares não foiutilizado nenhum tipo de agrotóxico em 2006.São dados que só reforçam nossa tese deque, com políticas e programas adequados –que dependem fundamentalmente de ogoverno entender esta questão comoestratégica e prioritária – podemos converternossa base produtiva para sistemas deprodução muito mais limpos, que conservemos recursos naturais, promovam a boa asaúde dos agricultores e consumidores eainda melhorem as condições de vida dostrabalhadores rurais.
Informações detalhadas sobre os dados doPARA 2010, mostrando que 92% dasamostras de pimentão analisadas, 63 % domorango, 57% do pepino, e assim por diante,estão fora dos padrões permitidos pelalegislação, estão disponíveis na páginaeletrônica da Anvisa. Informações maisdetalhadas ainda podem ser consultadas norelatório completo do PARA.
Fonte: Boletim da Campanha por um Brasil Livre de Transgênicos
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